O Combinado (sobre como virar descamisado) PARTE 1 (RECUPERADO DO BLOG "TIRAR A CAMISA")

Não importa o quanto desejasse, o quanto minha vontade pedisse, eu não conseguia ficar sem camisa na frente das pessoas. Era mais que uma vergonha sem origem definida, eu simplesmente achava inadmissível ficar por aí sem camisa como meu pai ou os outros caras. Porém, quando estava sozinho, aproveitava para tirar a camisa, me admirar só de bermuda na frente do espelho. Por mais que eu evitasse e fosse conhecido como o menino que nunca tirava a camisa, eu queria ser como os outros, mais do que isso, queria ser o descamisado.
O curioso, lembro de quando criança dormir somente de cueca, mas foi muito cedo que comecei a evitar expor tanto meu corpo. Quando via os álbuns de fotografia, quando muito moleque eu era fotografado só de cueca ou sem camisa. Maioria dos homens eram fotografados assim. Sempre tive muitos tios, primos. Todos andavam por aí sem camisa de alguma forma, alguns mais, outros menos, somente eu era o envergonhado.
Eu tinha um irmão somente por parte de pai. Vi ele poucas vezes. Era quinze anos mais velho que eu. Morava longe, tinha casa própria e era divorciado. Como mal tínhamos contato, não havia uma relação de irmão entre nós. Ele era tão estranho a mim que fiquei irritado quando tive de passar um tempo na casa dele, enquanto meus pais viajariam com a minha irmã para um tratamento em São Paulo. Sem condições de me levar por causa da grana curta, teria de ficar com esse irmão distante enquanto durasse esse tratamento.
A casa dele ficava dentro de uma vila. As casas eram dispostas em duas fileiras, cada fila uma de frente para outra. Todas tinham a mesma arquitetura. A casa dele era pequena, mas muito confortável. O quarto ficava entre a sala e a cozinha, era o único já que ele morava sozinho. Além do pátio na frente de casa que era comum aos outros da vila, no fundo da casa, havia uma espécie de varanda mais privativa.

Era domingo quando meu pai me deixou na casa dele. Por ser um pouco tímido, fiquei receoso ao passar pelos portões da vila. Havia um grupo de homens na entrada, e conforme caminhava pelo pátio até a casa do meu irmão, percebia que aquela vila, os vizinhos eram unidos, além do som de música dentro das casas, via a todo momento um saindo de sua casa para a casa do outro, pessoas conversando nas janelas. Meu irmão abriu a porta e estava apenas de bermuda, pés descalços e uma medalha pendurada no cordão. Era bem mais alto que meu pai, apesar de parecer muito com ele quando mais novo, tinha barba e pelos no peito. Por estar sem camisa, fiquei intimidado, pois conviver com outra pessoa além do meu pai dessa maneira sempre foi uma provocação para mim. Sei que isso é maluquice, mas está perto de outro cara sem camisa, era como se colocasse minha vergonha/vontade em cheque.
Após meu pai partir, meu irmão mostrou a casa para mim, dizendo para eu ficar à vontade que poderia pegar qualquer coisa na geladeira, assistir à televisão até mesmo usar o videogame que para ele não tinha problema. Meu pai havia levado o colchão que ficaria no chão no quarto dele. Apesar de nossa falta de intimidade e nossa estranheza de conviver juntos, meu irmão era muito bacana.
Trabalhava em um banco, então me levava para a escola na sua moto, porém eu voltava de ônibus. Deixava que as coisas para mim ali ficassem bem familiar, em pouco tempo já estava habituado ali. Além dessa habituação, como ele sempre ficava sem camisa quando estava em casa, aos poucos aquela incomodo inicial foi passando e aos poucos eu comecei a admirá-lo. Diferente de mim, ele tinha um corpo bacana e agia muito mais naturalmente usando apenas bermuda do que usando aquelas roupas formais de trabalho. E não era o único naquela vila.
Todo fim de tarde alguns vizinhos se reuniam na entrada da vila somente para conversar. A maioria era homens, nas vezes que participava dessa reunião, eu era o único que destoava. Não por eu ser o cara novo no lugar, mas porque era o único cara usando camisa ali. Parecia que todos aqueles homens esqueciam de usar camisa quando chegavam em casa. Quando eu estava perto do meu pai sem camisa, eu vivia criando desculpas na minha cabeça para não ficar também, perto do meu irmão eu ficava dizendo para mim “meu irmão tem corpo bacana, eu só magrelo, pegaria é mal”, mas naquele grupo a questão da estética do meu corpo não seria desculpa. Ninguém ali tinha corpo perfeito, eram homens e meninos da minha idade com corpos normais, alguns com barriga, a maioria dos meninos tinha o corpo parecidos com o meu, logo eu não deveria me sentir envergonhado por causa disso. Logo, como a questão estética não cabia como desculpa, eu ficava inventando para mim outras razões para não tirar a camisa. E meu irmão percebeu esse fato em mim quando perguntou:
-Você nunca fica sem camisa?
Eu me assustei de início, pois para todo mundo em minha casa isso era fato, até meu pai já nem insistia com isso. Confesso, fiquei muito envergonhado ao ouvir isso, pois eu também relacionava a ficar sem camisa com certa virilidade, então perguntar se eu nunca ficava sem camisa era como se questionasse minha virilidade. Sem graça apenas balancei a cabeça e entrei, ele também deixou quieto o assunto naquele momento.
Aconteceu que após dois dias, aproveitando que ele não havia chegado do trabalho, resolvi ficar sem camisa na frente do espelho. Costumava fazer isso, perceber como era meu corpo livre dela, para me imaginar melhor andando por aí sem ter essa maldita vergonha. Só que eu não reparei o momento em que ele chegou em casa. Minha surpresa foi tão grande que pulei para me vestir que mak consegui disfarçar. Rindo, meu irmão perguntou porque eu agi daquela maneira, balançando a cabeça, dizendo que eu era muito “besta”, foi para o quarto se trocar. Me senti tão ridículo agindo daquela forma, tão envergonhado eu estava, que mal consegui o encarar durante o resto do dia.
Esse acontecimento o fez iniciar uma série de provocações por eu não tirar a camisa. No princípio isso me envergonhava muito, fiquei ainda mais receoso; depois passei a ter raiva dessas provocações, eram tão irritantes que eu inventei mais desculpas para não tirar a camisa. Contudo, certa noite sonhei que estava sem camisa assistindo à televisão com ele. Era tão nítido me ver só de calção, mamilos e umbigo a mostra, sem nem uma preocupação, naturalmente como sempre quis. Isso me impressionou muito, me fez desejar torna-lo em realidade; revi minha posição as provocações, e conclui que poderia aproveitar aquele tempo ali...

Demorou alguns dias para eu criar coragem de falar com ele. Esperei a situação mais propícia, então, numa sexta-feira à noite, depois da pelada, quando ele saiu do banho me provocando por estar quente e eu ser envergonhado, resolvi confessar minha timidez e meu desejo em ser descamisado:
- Eu queria ser como você, sem preocupação de tirar a camisa...
Tive receios da reação dele, me zoar mais.
- Irmão, deixe de frescura, a gente é homem, homem fica assim!
Aconselhou-me sorrindo. Ajeitou o elástico do calção dele e se jogou no sofá, os braços para trás da cabeça, como se me mostrasse o que eu estava perdendo em ser retraído.
- Eu tenho vergonha, mas eu queria não ter.
O ruim é que ele ria, fazia-me me sentir mais imbecil por ter aquela vergonha, ainda mais de confessá-la. Talvez por passar o dia naquelas roupas formais do banco, ao estar em casa, só de calção era a maior glória de seu dia. A despreocupação dele, sua naturalidade e comodidade naquilo que me constrangia era o meu maior desejo. Queria ser como ele, mas eu parecia não merecer isso.
- Por que não ficar? É só tirar.
Dei de ombros, pois não era apenas tirar. Passar o dia inteiro só de bermuda me parecia uma conquista do El Dorado. Era minha afirmação de masculinidade, virilidade; sentia-me moleque perto dele.
- Vamos fazer um combinado: cada dia que você passar o dia inteiro sem camisa, te dou dois reais, mas se você colocar, eu tomo o dobro que dei você no dia anterior, que tal?
Certo, à primeira vista não me pareceu muito dinheiro, mas aquilo me motivou. Ser desafiado a ficar sem camisa e ainda ganhar por cima era uma ótima forma de começar. Seria meu início naquilo que sempre quis.
Aceitei e na mesma hora ele se levantou para eu tirar a camisa. Amassou minha camisa e a jogou para o lado. Minha pele fervia como se eu estivesse com febre. As sensações eram outras, está sob o olhar de outra pessoa naquele estado, encolhia-me. Meus braços estavam grudados no meu corpo, o contato dele na minha barriga nua era algo muito novo a mim. Conseguia sentir cada textura do encontro de peles. Tremia e me ficava um pouco excitado.
-Se ficar assim por vinte quatro horas, dois reais. Quarenta e oito horas, quatro reais. Bora ver quanto tempo você aguenta.
Ele disse apontando o dedo para mim e voltando para o sofá, os braços atrás da cabeça, as pernas abertas, bem diferente de mim, todo fechado em mim mesmo.

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