TIRAR A CAMISA (RECUPERADO DO BLOG "TIRAR A CAMISA")

 

Matutava comigo se eu iria morar na casa dos meus avós maternos ou não quando decidi procurar no Google "por que ficar sem camisa". Essa pesquisa se dava porque um dos meus motivos de passar a morar em outro estado, longe da casa dos meus pais pois justamente essa distancia e o local novo eu poderia criar coragem para tirar a camisa na frente das outras pessoas e poder tomar esse comportamento como algo natural em minha vida. Nisso eu descobri o blog Ficar Sem Camisa, numa época em que ele mal postava, mas mano, o blog me ajudou a tanto a perceber como havia outras caras igual a mim, isso me encorajou e me deu mais vontade de seguir esse estilo de vida.
Tenho em mente bem aqueles tempos em que tinha muita vergonha. Meu pai sempre me incentivando a ficar sem camisa. E todos os momentos que poderia ter pego a oportunidade e começado uma vida descamisada. O engraçado, quando somos o cara que nunca tiramos a camisa, isso fica ainda mais marcado na gente, e as vezes as pessoas perguntam. Essas perguntas sempre me incomodaram, como quando meu amigo de escola, no meio do grupo, perguntou se alguém já me viu sem camisa. Ninguém respondeu, mas isso ficou muito em mim, pois claramente eu estava sendo o diferente. Só que o problema era esse, eu sempre quis ficar sem camisa,
Quando morava ali perto dos meus tios, um vizinho do outro, a família frequentando diariamente a casa do outro, eles sempre estavam assim. Certa vez estava apenas eu e meu tio dando um jeito na minha bicicleta. Eu estava apressado até para voltar a brincar, mas eu queria minha bicicleta. Esse tio viu o serviço ia demorar, e como minha família sempre foi assim, desde pequenos tínhamos que aprender as fazer as coisas, como a bicicleta era minha, tinha de permanecer lá, aprendendo a dar jeito para quando precisasse. Era sábado quente, a garagem estava abafada, eu suava muito, e meu tio mandou eu tirar camisa. Mano, eu fiquei tão tentado, mas minha vergonha era tanto que molhei a camisa toda com meu suor. Lógico, nem um dos meus tios, até mesmo meu pai, achava normal um garoto ter vergonha de ficar sem camisa. Todos eles ficavam diariamente, era algo essencialmente masculino.
Como também tinha necessidade de falar sobre assunto, quem sabe encontrar mais caras que sempre tiveram isso na cabeça, para saber mais histórias, criei esse blog. O ato de tirar a camisa e permanecer dessa maneira poderia parecer para muitos uma banalidade, mas para mim era uma libertação de todos meus medos, inseguranças além de ser algo que estimulava minha virilidade, logo nunca encontrei outro cara para conversar sobre o assunto e pensava que era o único por muito tempo. Ao perceber que não era o único e também por não querer passar uma vida com muita vergonha, creio o blog para me encorajar a inciar uma vida descamisada.
Porém após alguns meses viajei, me mudei para o Ceará e fui morar no sítio dos meu avô materno e vi que poderia aproveitar isso para começar a viver sem ter a vergonha de mostrar meu corpo, finalmente andar só de bermuda por aí. Nesse tempo, sem acesso a internet, notebook, o blog ficou parado por mais de um ano. Entretanto, após arrumar uma emprego como borracheiro, trabalhando pesado numa oficina mal-iluminado, serviço bem sujo, mano, foi aí que comecei a ficar sem camisa por longo tempo, andar na rua, entrar em mercados e queimar minha pele, apagando a marca da manga do meu braço. Comecei a dormir sem camisa, a sair do banho só de bermuda, tomava café da manhã, jantava com meus avós, tanto em casa como fora, passei a agir como descamisado. Passei dias a ir para o trabalho só de calça jeans e bota, a camisa guardada na mala. Passei dias sem vestir uma. Pensei que com o tempo isso ficaria tão natural que em algum momento me importaria menos em ficar sem camisa e voltaria a usá-la outra vez.
Pensei errado. Quanto mais tempo ficava sem camisa, quanto mais lugares ia sem camisa, quanto mais pessoas ficavam surpresos ao me ver usando uma camisa, mas eu tinha prazer em ter o peito exposto. Procurava sempre algum trabalho para fazer, mesmo nos meus dias de folga, sempre procurava algum serviço, sair, dar uma volta, pois queria estar em mais lugares, fazer sempre mais coisas, descamisado. Então me mudei para capital, emprego melhor, uma quitinete e internet, resolvi reativar esse blog. Mano, tive muita dificuldade a engatar os post, mas ficar sem camisa tornava-se uma filosofia de vida para mim, queria escrever as sensações, os prazeres de ficar dessa forma, tudo aquilo que eu gostaria de ler quando ainda tinha vergonha, pois esse blog foi como se eu escrevesse para mim quando moleque.
Por morar sempre em estados do norte, sempre foi muito mais comum a mim ter toda essa influência pelos outros homens da minha família sem camisa, por isso sempre foi muito incomodo a mim toda essa vergonha. São coisas que não consigo entender até hoje, porque eles sempre andavam para tudo que era canto só de bermuda e eu com vergonha de usar até mesmo regatas. Eles sempre me mostravam como um homem deveria agir, sempre mostraram em ato que nunca deveria me importar como os outros pensam na gente. 
Muitas vezes meu pai me incentivou a ficar que nem ele, puxar a camisa sempre que estivesse em casa, ou se estivesse na rua, por estar quente. Cresci vendo ele andar de cueca pela casa, sendo manhã, tarde ou noite, se ele não precisava sair de casa, ficava com menos roupas possíveis. Assim como meus tios, qualquer serviço faziam só de bermuda. Muitas vezes vi ele pintando, mexendo na fiação, consertando as coisas tanto para gente quanto para outras pessoas sem precisar usar uma camisa. Maioria dos meus tios são técnicos, marceneiros, mecânicos, eletricistas, então nunca precisamos contratar ninguém de fora, eram sempre pessoas de minha família mesmo que dava um jeito em qualquer problema, então cresci pegando em furadeira, serrote, me sujando de graxa, na maioria das vezes era eu quem destoava do resto.
Mas não é apenas nossas neuras que nos fazem ficar envergonhados de mostrar nosso corpo. Ás vezes acontecem situações em que outros comentam sobre como nós somos e isso nos intimida, muito. Por exemplo, eu era magro e certa vez fiquei sem camisa na frente de uma prima que comentou sobre minhas costelas a mostra. E como muitos desses meus tios viviam trabalhando por aí, poucos ficavam em casa, acaba ficando mais tempo perto de mulheres, algo que me deixava muito intimidado pois sentia muito mais olhares e comentários sobre meu corpo perto delas. Assim, comecei a tentar ficar sem camisa quando comecei a passar mais tempo com meus tios, em verdade, me senti muito mais forçado a ficar sem camisa perto de outros homens, porque além de eles também estarem sem camisa, tinha mais coragem e parecia aumentar minha virilidade. Hoje, tenho um corpo bacana, realmente, mas acho que se outro cara, independentemente de como é o corpo dele, ficar julgando é uma coisa idiota. Temos que ficar a vontade com nosso corpo e deixar os outros caras ficarem a vontade com o corpo deles. Precisamos aproveitar nossa liberdade, e deixar os outros aproveitarem as liberdade deles.
A primeira vez que pude aproveitar dias sem camisa foi quando meus pais viajaram e fiquei aos cuidados de um dos meus tios. Foi quando percebi que as vezes essas neuras são coisas da nossa cabeça mesmo. Talvez por estar longe dos meus pai, eu tive mais coragem de aproveitar a oportunidade. Quando ele disse para eu ficar sem camisa, apesar de ficar com aquela vergonha inicial, aproveitei. Poderia ter passado todos os dias em que estive lá, poderia ter continuado tirando a camisa mesmo após o retorno dos meus pais, mas ainda tive muita vergonha para fazer isso. Ainda assim, o tempo que passei com ele, foi um dos melhores, que mostrou como é libertador andar por aí, sem se preocupar em ter uma camisa por perto para vestir logo.
Irmão, hoje é o último dia do ano, e como tem essa tradição de ano novo, vida nova, vamos começara  ter vida nova logo. Não vamos perder tempo aí com vergonhas, deixando para depois, porque o tempo passa e a gente não aproveita as coisas como gostaríamos de aproveitar. Sei que é muito complicado, mas vai começando ao menos, devagarzinho, aos poucos até chegar lá onde você quer. Primeiro tem de começar e dar prosseguimento. E não vai pensando que já é tarde demais, que tarde demais é quando a gente morre que não dá para fazer mais nada. Enquanto tá vivo pode começar a fazer o que você quer a qualquer momento. Então feliz ano novo e vamos se libertando aí!

Abraços sem camisa irmão!

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